domingo, 25 de setembro de 2011

Tornando-se um lutador - Superando as dificuldades iniciais - Parte I


    O gosto pela luta corporal é presente na humanidade desde os tempos mais remotos. No entanto, ver um combate é muito diferente de participar dele. Mas muitos ao gostar de assistir e saber sobre artes marciais decidem iniciar um treinamento. Este texto aborda as dificuldades iniciais mais comuns e maneiras de superá-las ( Parte I ). 
   Mesmo para indivíduos mais privilegiados, o processo de tornar-se um lutador é árduo, embora recompensador. Uma jornada de contínuo aprendizado e autodesenvolvimento.
   O teste inicial ao longo da caminhada é fundamental, mas frequentemente o ignoramos: o primeiro treino e as semanas que o seguem. Isso é uma pena, porque os caminhos envolvidos neste “rito de passagem” têm sérias consequências, tanto para o indivíduo quanto para a equipe. Para o iniciante tudo é novo, nomes (será que é outra língua?), pessoas desconhecidas (será que alguém pode me machucar?) a insegurança (será que vou dar conta? mas eles são muito melhores? mas eu só apanho?).
   Mas não pense que você foi o único a passar por estas dificuldades: todos passaram! E o mais importante, muito das dificuldades surgem das falsas crenças que as pessoas têm sobre o que é ser um lutador.
   A primeira crença falsa é de que os lutadores são agressivos. Isso força muitos a lutarem de forma excessivamente agressiva desde os primeiros movimentos. Com os treinos observa-se algo diferente, a maioria dos lutadores são pessoas calmas e equilibradas, os agressivos e impulsivos representam exceções. Não se force a se encaixar em um perfil, se você não é o que se “espera de um lutador”. Na verdade, trabalhamos nossa agressividade para termos controle sobre ela, e a utilizamos como ferramenta durante os treinos para nos guiar até a finalização, mas em uma dose suficiente para não machucar seu companheiro de treino. Ou seja, estamos no controle, não eliminamos a agressividade, mas dizemos quando ela pode se manifestar. Fim de treino? Treinando técnica? Mente calma e paciente...
   A segunda crença falsa é de que o objetivo da luta é vencer sempre. Como no início praticamente só somos finalizados, tendemos a ficar frustrados e até mesmo desistir. No entanto, somente existe derrota ou vitória quando há um adversário. Durante os treinos, temos uma equipe. O espírito de corpo nos ensina que o progresso do meu companheiro de treino, não nos leva a ficar para trás, mas sim eleva o nível da academia como um todo. Assim, não se sinta derrotado, porque não há disputas reais. Elas provavelmente só existem em seus pensamentos e crenças. O continente africano tem uma palavra que define bem este conceito:Ubuntu, que quer dizer "sou o que sou pelo que nós somos". Ou como diria um nativo

"Uma pessoa com Ubuntu está aberta e disponível aos outros, assegurada pelos outros, não sente intimidada que os outros sejam capazes e bons, para ele ou ela ter própria autoconfiança que vem do conhecimento que ele ou ela tem o seu próprio lugar no grande todo. " (Desmomd Tutu)

   A terceira crença é a de que a luta é para gente sem inteligência sendo fácil de aprender. Triste senso comum, que felizmente vem sendo mudado pela divulgação da mídia e atuações de nossos mestres fora dos tatames. Não espere facilidade e simplicidade, superar outro ser humano é tarefa extremamente difícil, porque ele também é inteligente e maleável, e pode ter certeza: também não quer perder. Assim, aprender uma arte marcial envolve dedicação, superação e tempo. Não se esqueçam desta última palavra: tempo. Assim como uma árvore, demora anos para ficar com tronco e raiz forte, um grande lutador é cunhado com anos de treino. Por isso não se cobre finalizar lutadores mais experientes, isso virá com o tempo. Concentre-se no aqui e agora, nas repetições de arm-lock, nos jabs, nos single-legs... Relembrando uma postagem anterior (clique aqui e relembre) sobre o filósofo Osho: 

“O homem que vive neste momento, aqui e agora, não está sobrecarregado de passado nem de futuro; ele permanece sem um fardo. Não tem nenhum fardo para carregar; ele se movimenta sem peso. A gravidade não o afeta. Na realidade, ele não anda, ele voa. Ele tem asas.” (Osho).  

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